Uma Frase do Meu Marido Desfez Meu Mundo: À Beira do Desespero
“Victoria, eu não te amo mais.” Essas palavras ecoaram na minha mente como um trovão em uma noite silenciosa. Eu estava na cozinha, preparando o jantar, quando ele entrou e deixou cair essa bomba. Meu coração parou por um instante, e o mundo ao meu redor pareceu desmoronar. “O que você quer dizer com isso, Miguel?” perguntei, tentando manter a calma enquanto minhas mãos tremiam.
Miguel olhou para mim com uma expressão que eu nunca tinha visto antes, uma mistura de culpa e determinação. “Eu não sei como explicar… Eu só sei que não sinto mais o mesmo.”
Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. Eu me sentei à mesa, tentando processar o que acabara de ouvir. “E o nosso filho? E tudo o que construímos juntos?” perguntei, a voz embargada.
Ele suspirou profundamente, passando a mão pelos cabelos escuros. “Eu ainda quero ser um bom pai para o Tiago, mas não posso continuar vivendo uma mentira.”
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto sem que eu pudesse controlá-las. Eu me sentia traída, perdida, como se o chão tivesse sido arrancado debaixo dos meus pés. Durante semanas, tentei entender o que havia dado errado. Revirei cada memória, cada gesto, cada palavra dita ao longo dos anos em busca de sinais que eu pudesse ter ignorado.
Minha mãe, Teresa, foi a primeira pessoa a quem recorri em busca de apoio. “Filha, às vezes os homens passam por crises que nem eles mesmos entendem,” ela disse, tentando me consolar enquanto me abraçava apertado. Mas suas palavras não conseguiam preencher o vazio que Miguel havia deixado.
Os dias se arrastavam e eu me via presa em uma rotina mecânica. Levantar, cuidar do Tiago, ir ao trabalho e voltar para casa apenas para encarar o silêncio ensurdecedor que Miguel havia deixado para trás. Ele se mudou para um pequeno apartamento no centro da cidade, e nossas interações se resumiam a discussões sobre a guarda do nosso filho.
Certa noite, enquanto colocava Tiago para dormir, ele me perguntou inocentemente: “Mamã, por que o papá não mora mais aqui?” Meu coração se partiu novamente ao ver a confusão nos olhos dele. “O papá e eu decidimos que é melhor assim por enquanto,” respondi, tentando soar convincente.
Mas a verdade era que eu mesma não estava convencida. Como tudo poderia ter mudado tão rapidamente? Eu me lembrava de quando nos conhecemos na faculdade, das noites em claro estudando juntos, dos planos que fizemos para o futuro. Onde tudo isso havia se perdido?
Um dia, enquanto caminhava pelo parque com Tiago, encontrei Ana, uma amiga de longa data que sempre teve um jeito direto de falar. “Você precisa reagir, Victoria,” ela disse sem rodeios. “Não pode deixar que essa situação te destrua.”
Suas palavras me fizeram refletir. Eu estava tão consumida pela dor e pela sensação de traição que havia esquecido quem eu era antes de Miguel entrar na minha vida. Decidi que precisava encontrar uma maneira de seguir em frente, não apenas por mim, mas também pelo meu filho.
Comecei a frequentar sessões de terapia e aos poucos fui redescobrindo partes de mim mesma que estavam adormecidas há anos. A terapeuta me ajudou a entender que eu não era responsável pelas escolhas de Miguel e que era hora de construir uma nova vida.
Com o tempo, comecei a sentir uma leve esperança brotar dentro de mim. Voltei a pintar, uma paixão antiga que havia deixado de lado após o nascimento de Tiago. As cores vibrantes nas telas eram um lembrete de que ainda havia beleza no mundo.
Miguel e eu eventualmente encontramos um equilíbrio na nossa relação como pais. Ele começou a passar mais tempo com Tiago nos fins de semana e nossas conversas se tornaram menos tensas. Embora ainda houvesse mágoa entre nós, ambos sabíamos que precisávamos fazer o melhor para nosso filho.
Um ano se passou desde aquela noite fatídica na cozinha. Ainda sinto uma pontada de dor ao lembrar das palavras de Miguel, mas também sinto orgulho do quanto cresci desde então. Aprendi que sou mais forte do que imaginava e que posso enfrentar qualquer desafio que a vida me apresente.
Às vezes me pergunto: será que algum dia vou conseguir perdoar completamente Miguel? Ou será que essa cicatriz sempre fará parte de quem eu sou? Talvez nunca encontre todas as respostas, mas sei que estou no caminho certo para encontrar paz dentro de mim mesma.