O Dia em que Maria Visitou com o Filho: Uma Visita Domiciliar Desastrosa

“Por favor, não toque nisso!” gritei, mas já era tarde demais. O vaso de porcelana que minha avó me deixou estava em pedaços no chão. Eu olhei para Maria, esperando que ela dissesse algo, mas ela apenas deu de ombros, como se não fosse nada. “Desculpe, ele é só uma criança”, ela disse, enquanto o pequeno João continuava a correr pela sala como um furacão.

Era uma tarde comum quando recebi a ligação de Maria. “Oi, posso passar aí com o João? Faz tanto tempo que não nos vemos!”, ela disse com uma voz animada. Eu hesitei por um momento, lembrando-me das últimas vezes em que ela esteve aqui. Mas, por fim, concordei. Afinal, éramos amigas desde a escola e eu não queria parecer rude.

Quando Maria chegou, tudo parecia normal. Ela estava radiante como sempre, mas havia algo no olhar dela que me deixou inquieta. João entrou correndo pela porta, já gritando e pulando no sofá. “João, por favor, não faça isso”, pedi gentilmente. Ele me ignorou completamente.

Enquanto Maria e eu tentávamos conversar sobre os velhos tempos, João estava ocupado destruindo tudo ao seu redor. Ele puxou as cortinas, derrubou livros da estante e finalmente encontrou o vaso da minha avó. “João!”, Maria gritou quando ele o pegou, mas foi tarde demais.

O som do vaso se quebrando ecoou pela casa e eu senti meu coração afundar. “Isso era da minha avó”, eu disse, tentando manter a calma. Maria olhou para mim com um sorriso sem graça. “Ah, ele é só uma criança”, repetiu.

Eu respirei fundo e tentei mudar de assunto. “Como você está? E o trabalho?”, perguntei, tentando ignorar a bagunça ao nosso redor. Maria começou a falar sobre seu novo emprego em Lisboa e como estava difícil equilibrar tudo com João sendo tão ativo.

“Ele está na escola?”, perguntei, tentando entender melhor a situação. “Sim, mas ele tem tido problemas para se adaptar”, ela admitiu. “Os professores dizem que ele é muito agitado e tem dificuldade em seguir regras”.

Eu queria ajudar, mas não sabia como. “Talvez ele precise de mais atividades para gastar energia”, sugeri. Maria assentiu, mas parecia distante.

A tarde passou lentamente e eu me sentia cada vez mais desconfortável na minha própria casa. João continuava a correr de um lado para o outro, enquanto Maria parecia alheia ao caos que ele causava.

Finalmente, quando o sol começou a se pôr, Maria decidiu que era hora de ir embora. “Obrigada por nos receber”, ela disse com um sorriso. Eu forcei um sorriso de volta, mas por dentro estava exausta.

Depois que eles saíram, olhei para a bagunça ao meu redor e senti uma onda de frustração. Como uma simples visita pôde se transformar em um pesadelo? Eu me sentei no sofá e comecei a recolher os pedaços do vaso quebrado.

Enquanto limpava, não pude deixar de pensar em como as coisas mudaram entre nós. Maria sempre foi uma amiga querida, mas agora parecia que havia uma barreira entre nós. Será que era culpa minha? Ou talvez ela estivesse passando por algo que eu não conseguia entender?

Eu me lembrei dos tempos em que éramos inseparáveis na escola, compartilhando segredos e sonhos para o futuro. Onde foi que tudo deu errado?

No dia seguinte, recebi uma mensagem de Maria pedindo desculpas pelo comportamento de João. Ela disse que estava tentando encontrar ajuda para ele e esperava que eu pudesse entender.

Eu respondi dizendo que entendia e que estava aqui para o que ela precisasse. Mas no fundo, me perguntava se nossa amizade poderia voltar a ser como antes.

Será que algum dia conseguiremos superar essa distância? Ou será que algumas amizades simplesmente não resistem ao teste do tempo?