Sempre achei que o amor era feito de grandes gestos, mas aprendi que ele se revela nos detalhes do quotidiano. Quando a doença me tirou a mobilidade, Vicente, o homem com quem partilho a vida há mais de trinta anos, surpreendeu-me ao aprender a pentear-me todos os dias. Esta é a nossa história de luta, ternura e reinvenção do amor.
Acordei com as palavras do Rui a ecoarem na minha cabeça, sentindo o peso de uma exigência impossível. Ao longo de um dia comum, entre tarefas domésticas e memórias dolorosas, revejo as escolhas que me trouxeram até aqui. No fim, questiono se a ordem vale mais do que a paz interior.
Tudo começou com um gesto simples: flores e chocolates deixados à minha porta pelo novo vizinho, Rui. O que parecia inocente rapidamente se transformou numa tempestade dentro do meu casamento com o Miguel. Entre desconfianças, discussões e memórias do que já fomos, vi-me obrigada a questionar até onde vai a linha entre a gentileza e a traição.
Sempre fui cautelosa, preferindo o silêncio à confrontação. No meu casamento com o Miguel, acreditava que a rotina sólida era suficiente, até que sinais sutis começaram a corroer a minha confiança. Quando finalmente enfrentei a verdade, percebi que o tempo perdido jamais voltaria.
Chamo-me Tamara, vivo com o meu marido, Leonel, e o nosso filho de quatro anos, Nuno, num apartamento apertado num bairro antigo de Lisboa. Entre discussões, silêncios e a rotina sufocante, conto como a esperança e o medo se misturam na luta diária por um lar que seja mais do que quatro paredes. Esta é a história dos meus sacrifícios, desejos não realizados e da busca desesperada por um pouco de luz no meio da escuridão.
A minha história começa com uma discussão amarga à mesa de jantar, onde percebi que o silêncio entre mim e o Rui era mais pesado do que qualquer palavra dita. Ao longo dos anos, vi o meu casamento desmoronar-se lentamente, sufocado pela indiferença, pelo descuido e pela solidão partilhada. Esta é a confissão de uma mulher portuguesa que se perdeu dentro da própria casa, à espera de ser vista.
Sentei-me à mesa da cozinha, o cheiro do café misturando-se ao peso das minhas preocupações. O casamento com o Sebastião, que antes era feito de promessas e sonhos, agora era um campo de batalha de pequenas manias e grandes silêncios. Nunca pensei que um hábito tão simples como trocar de meias pudesse transformar-se no símbolo do abismo entre nós.
